Ao sabor dos ventos
15/09/15 10:01Comecei a refletir se depois de 26 anos sem pegar uma carona eu estava fazendo a coisa certa. Existe uma nova técnica para pegar carona?O tempo passava e a tarde avançava com o sol descendo no horizonte. Foi então que troquei de estratégia, resolvi acampar por perto e, no dia seguinte, seguir.
A BR estava muito barulhenta e por isso resolvi pegar a rodovia estadual ERS 699, que leva à Barra do Chuí, uma vila no litoral gaúcho, até achar um bom lugar para montar minha barraca.
Depois de alguns minutos de caminhada, um carro bem velho, que soltava uma nuvem de fumaça pelo escapamento e fazia barulho como se fosse um carro de Fórmula-1, passou por mim e parou. Dentro, um jovem de óculos escuros com uma mulher me pergunta se eu queria carona. Disse apenas que estava próximo do local onde ia e agradeci. Ele arrancou, me cobrindo da fumaça preta do escapamento.
Minutos depois, outro veículo. Desta vez, uma caminhonete Toyota branca, nova e cara. O motorista uruguaio, que estava com a família, abriu a porta pedindo pra eu entrar. Novamente, agradeci, disse que estava perto e que não precisava.
A vida é engraçada. Algumas horas atrás eu implorava por uma carona para o norte. Quando resolvi seguir para o leste, em menos de 10 minutos apareceram duas caronas.
Alguns metros à frente, encontrei um local. Resolvi ficar por ali, embaixo de uma placa amarela que me protegeria do vento. Ao fundo, enormes hélices da usina eólica giravam conforme os ventos gelados sopravam do litoral.
Nesta noite dormi ao sabor do vento.