Viajando pelo Brasil, conheci a Ucrânia
28/09/15 06:35No meu 13º dia de viagem, cheguei a pequena cidade de Prudentópolis (PR). Na tentativa de arrumar algum trabalho, fui para a praça central e sentei em um banco. Já passava das 8h mas a praça estava ainda um pouco vazia.
Ao lado, dois senhores conversavam em um idioma que não consegui identificar. Foi quando um homem, que se sentava no banco mais próximo a mim, e falando em português ao telefone, percebeu minha curiosidade.
Ao desligar, se aproximou e, vendo minha mochila, perguntou se eu era mochileiro. Eu disse que estava aprendendo a ser, mas que estava apanhando da estrada. Ele então começou a rir e disse que seu sonho era pegar a estrada também e que um dia faria isso.
Eu então perguntei que idioma os dois velhos falavam e ele explicou que 75% da população daquela cidade era descendente de ucranianos e que muitas tradições ainda eram mantidas. Uma delas é a missa cantada em ucraniano, que ele disse que eu deveria assistir na igreja São Josafat, templo típico bem ali perto. Ele explicou ainda que a missa cantada é, como a própria palavra diz, é em forma de canto e dura duas horas, diferentemente da convencional, que dura cerca de 40 minutos.
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Fiquei curioso, mas disse que precisava arrumar um trabalho e um lugar para acampar. Ele disse que iria almoçar e que depois iria para zona rural, onde existem as comunidades faxinais e lá teria bastante espaço.
Os faxinais são descendentes de ucranianos que dividem a mesma terra para a criação de animais, que vivem soltos, e do plantio –basicamente trigo.
A região é a que mais concentra número de igrejas típicas ucranianas, e muitas das missas são feitas no idioma.
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Achei isso curioso e perguntei se ele me daria uma carona para esta região. Ele então se apresentou. Fábio Ravanello, 31, disse que trabalha como guia de turismo na cidade. Descobri então o porquê de ele conhecer tão bem a cultura local, sendo ele um dos poucos que não é descendente de ucranianos.
Fábio, imaginando que mochileiros nunca têm dinheiro e que era o meu caso, ofereceu de pagar o almoço no restaurante de um amigo, e eu não fiz a menor questão de recusar, aceitei logo. A fome nos deixa mal-educados.
Depois do almoço, ele me levou para uma destas comunidades, conhecida como Nova Galícia, onde os primeiros ucranianos chegaram.
Consegui com uma família de faxinal, o senhor Cláudio Lis e a dona Soeli, que me deixassem acampar próximo da casa e resolvi andar pela zona rural empolgado para fotografar, já desistindo da busca pelo emprego.
No dia seguinte, peguei a estrada de terra para andar cerca de 20 quilômetros até a cidade, quando Arnor Garcia, um motorista que trabalha na prefeitura, passou por mim e me deu uma carona até a cidade. Ao chegar, ele me deixou bem em frente a igreja São Josafat, onde a missa cantada estava sendo realizada.
Resolvi então entrar e assistir. Apesar de não entender nada de ucraniano, fiz meus pedidos por um emprego em português mesmo, afinal, o idioma divino é universal