Devoto de São Josafat
01/10/15 07:32No domingo (27), após sair de uma missa cantada no idioma ucraniano na igreja de São Josafat, em Prudentópolis (PR), e de ter feitos meus pedidos por um trabalho em português, encontro com o guia Fabio. Ele me convidou para um almoço na casa de um amigo que assava uma bela costela.
Impossível recusar, ainda mais com minhas finanças entrando no volume morto.
Fabio me convence de que pegar carona naquele domingo chuvoso era uma fria. Ele, então, resolve ir comigo de ônibus até Ponta Grossa (também no Paraná), onde ele tem muitos amigos e conseguiria algum trabalho para mim. Isso fez com que eu gastasse mais R$ 11 de passagem.
Enquanto eu caminhava para a rodoviária, chega uma mensagem no meu celular de um amigo de São Paulo, informando que tinha um trabalho temporário em uma fazenda perto de Mauá da Serra. Ele já enviou, por mensagem, os contatos do fazendeiro. Descubro com Fabio que a cidade é bem perto de Ponta Grossa, o que me animou muito.
Ao desembarcar em Ponta Grossa, já à noite, um temporal caía sob nossas cabeças. Fabio ligou para um casal de amigos para nos resgatar na rodoviária. Como estava tarde, eu resolvi que gastaria mais R$ 35 em uma pensão, na esperança de conseguir o trabalho na tal fazenda.
Liguei para Júnior Senedesi, dono da fazenda, e expliquei minha situação, dizendo que estava viajando pelo Brasil de carona e que precisava de um trabalho temporário. Ele, então, perguntou o que eu sabia fazer. Eu disse que fazia de tudo. “Então venha porque aqui tem de tudo pra você fazer”, ele respondeu.
No dia seguinte, fui para a BR -376 bem cedo e em três caronas quase que consecutivas. Cheguei às 13h na pequena vila chamada Bairro dos França, bem perto da fazenda Santa Lúcia da Serra, onde o funcionário Gildo Braniak me pegou.
A fazenda de fato tinha de tudo: cavalos, gado, búfalos, carneiros, cabrito, galinhas, patos, peixes, cachorros e uma bela vista, onde montei minha barraca.
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No dia seguinte, meu primeiro trabalho foi organizar um galpão com madeiras e sacos de ração para os carneiros. Gildo, o encarregado da fazenda, é um homem simples educado. Ele me ensinou um pouco de como é viver no campo, onde mora com sua mulher, Inês, e seu filho, Gabriel, de 9 meses de vida.
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Ao meio dia, José Senedesi Júnior chegou e me chamou para sua varanda, onde preparava um churrasco. Ele queria saber mais sobre essa ideia maluca de andar pelo Brasil e, com isso, me tirou do trabalho por algumas horas.
À tarde, um caminhão com algumas cabeças de gado chegou para desembarcar e embarcar búfalos. Foi divertido, apesar de os animais serem difíceis de lidar.
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E, durante dois dias, ganhei comida, lugar para acampar com uma bela vista da fazenda, amigos e R$ 200 no saldo financeiro. Ainda aprendi a lidar com búfalos.
São Josafat, mesmo em português, atendeu meus pedidos. Virei devoto.