O desgaste da viagem chegou
02/10/15 07:02Após trabalhar por dois dias na fazenda Santa Lúcia da Serra, na cidade de Mauá da Serra (PR), e levantar R$ 200, fui para a BR-376.
Sem muita dificuldade, consegui carona com um caminhão carregado de sacos de batata. O motorista, Jose Ferreira, 65, iria descarregar em Presidente Prudente e, com isso, ganhei uma carona longa.
No caminho, ainda me ofereci para trabalhar como chapa na descarga do produto. Normalmente, um chapa ganha em torno de R$ 90 por descarga, mas ele pechinchou e acabei aceitando trabalhar por R$ 70.
Depois de descarregar o caminhão e aumentar meu orçamento pra R$ 270, Ferreira me deixou na rodovia SP-425, mas tive de caminhar por quase cinco quilômetros debaixo de um sol quente até chegar em um posto de gasolina, onde logo estaria embarcado em outro caminhão, que me deixaria na cidade de Osvaldo Cruz (SP).
Às 18h, desembarquei na beira da rodovia. Porém, ao descer do caminhão, a alça da velha mochila (que me acompanha desde o dia 13 de setembro quando iniciei esta viagem no Chuí, RS) rompeu, mostrando que ela não resistiu.
Assim como a mochila, o corpo também acusa o desgaste. Uma dor aguda no meu ombro esquerdo mostra que os 15 quilos de bagagem que carrego pesaram também para mim, incomodando toda vez que tenho que levantar para colocar nas costas. A sorte é que trouxe um relaxante muscular, o que alivia um pouco a dor.
Parado ali no meio da rodovia e sem muito o que fazer, entrei na pequena cidade de Osvaldo Cruz. Era zero a chance de encontrar alguma oficina de sapataria aberta, para o pequeno conserto. Zero também era a chance de achar algum camping para eu passar a noite.
Sem saída, o jeito foi encontrar um hotel barato para passar a noite, gastando R$ 50 em um minúsculo quarto, mas com um banheiro, para um banho gelado e aliviar o ardido do sol quente que tomei ao longo da estrada.
Para quem precisa economizar cada centavo, gastar R$ 50 em um hotel sem estrelas na porta é um verdadeiro luxo.