A natureza no altar de Deus
12/10/15 06:24Depois de passar a noite às margens do rio São Francisco quase seco, inicio meu 28º dia de viagem pelo Brasil num ensolarado domingo, véspera do Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Ao chegar na BR-365, sentido norte, um carro puxando um barco de pesca pequeno para e me oferece carona. Diz que estava indo para Montes Claros. Achei perfeito, era mesmo meu destino.
No caminho, João Pedro, 65, empresário do ramo de adubo e pescador nas horas vagas, me pergunta o que faço andando nas estradas. Digo que tenho um blog e que procuro lugares exóticos para conhecer. Ele, então, me indica um bem no nosso caminho, no sertão mineiro, onde ficam as ruínas de uma igreja Jesuíta e que quase ninguém conhece.
Não tive dúvidas. Desembarquei no meio da estrada, bem em frente ao vilarejo Barra do Guaicuí (MG), com um sol de meio dia na cabeça.
Ao entrar na vila, fogos de artificio explodiam no céu, mas não eram por conta da minha chegada. A população comemorava o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
Andando pela pequena vila foi fácil chegar às ruínas da igreja Bom Jesus de Matozinhos, bem perto do encontro das águas do rio São Francisco com rio das Velhas.
Construída pelos escravos, no século 17, entre os anos de 1650 e 1679, nunca foi finalizada, Porém, a natureza de Deus fez o acabamento.
Há mais de 30 anos, pássaros depositaram uma semente de Gameleira, uma árvore robusta, na parede do altar.
Com o tempo, a árvore foi crescendo e fortificando mais ainda, com suas raízes descendo sob as paredes feitas de pedra e cal, se mantendo até hoje e deixando uma imagem exótica, que mais se parece um templo perdido em algum país da Ásia.
Deus escreve certo, por raízes tortas.
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